quinta-feira, 19 de março de 2009

TRAÇADO DA NOVA LINHA DE AV LISBOA-PORTO

No dia 4 de Fevereiro de 2009, a Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, participou num programa televisivo, Sociedade Civil da RTP2, sobre a nova rede ferroviária onde fez declarações que poderão sugerir que a nova Linha de Alta Velocidade (AV) Lisboa-Porto irá sofrer alterações no traçado anteriormente proposto. Foi dito, a meio do debate o seguinte:

“Imagine que se pretende ir (de Lisboa) para Castelo Branco. Podemos apanhar um comboio que seja misto que faz uma parte na linha de alta velocidade e depois entra na linha da Beira Baixa e vai-se até Castelo Branco ou até à Covilhã”

Para confirmar estas declarações, a meio do debate, ver vídeo incluso ao minuto 43.

Ana Vitorino, quando fala num comboio misto, pretende referir-se aos comboios de duplo eixo que têm a capacidade de circular nas vias de bitola europeia e bitola ibérica.
Para que o itinerário referido fosse exequível, era necessário que a nova via Lisboa-Porto passasse perto do Entroncamento, para aí mudar a bitola utilizando, de seguida, a via da Beira Baixa até Castelo Branco e Covilhã.

No traçado que está publicado, no site da RAVE, tal opção não seria possível, pois o itinerário da nova linha Lisboa-Porto tem início na Gare do Oriente e vai em direcção a Alenquer, seguindo depois a Oeste da Serra dos Candeeiros, até perto de Leiria, em direcção ao Porto. Como a nova via diverge da Linha do Norte, logo depois de Lisboa, a opção para utilizar comboios de duplo-eixo não teria qualquer ganho nem viabilidade, uma vez que a maioria do percurso utilizado continuaria a ser em via convencional.

A única explicação para as declarações prestadas pela Secretária de Estado dos Transportes é que, provavelmente, poderá estar a ser estudado e projectado um traçado diferente para a futura via de bitola europeia Lisboa-Porto, o que permitiria a utilização de comboios de duplo eixo desde Lisboa até Castelo Branco. Convém recordar que a Linha da Beira Baixa se inicia no Entroncamento.

INTERCIDADES VAI ACABAR NA LINHA DO NORTE

No mesmo programa, foi anunciado que os serviços do Intercidades e Alfa Pendular vão desaparecer na Linha do Norte. Significa que as cidades de Santarém, Entroncamento, Caxarias, Pombal, Ovar, Espinho e Gaia vão deixar de ter o serviço do Intercidades. Este vai ser um grave problema para as populações afectadas, que vai ser muito difícil de entender.

Outra questão que fica por explicar é: como é que a via de Alta Velocidade, que, segundo a RAVE, só irá ter, no máximo, 2 comboios por hora e por sentido, vai aliviar a Linha do Norte, onde o número de comboios é muito superior. Significa que a percentagem de comboios desviados pela linha de AV será residual.

A principal razão para construir a nova Linha Lisboa-Porto reside no facto de Portugal precisar de uma via de bitola europeia para mercadorias e passageiros que permita a livre circulação de contentores do nosso território para a U.E. que a actual rede de bitola ibérica não permite.
Infelizmente, a RAVE projectou a nova linha Lisboa-Porto exclusivamente para passageiros, porque as pendentes não são inferiores a 18 metros por mil, como é necessário nas linhas mistas de mercadorias e passageiros.

Esta opção tornará impossível ligar, no futuro, os comboios de mercadorias de bitola europeia aos portos de Leixões e Setúbal, à Região de Lisboa e Centro, a Medina del Campo (Valladolid), que é o ponto estratégico que permite o acesso directo à U.E.

Traçado do TGV «mil milhões de euros» mais caro







PSD exige explicações ao Governo sobre a opção tomada na escolha do traçado



O PSD acusou esta quinta-feira o Governo de optar por um traçado de alta-velocidade ferroviária (TVG) Lisboa-Porto «mil milhões de euros» mais caro do que a alternativa com entrada na capital pela margem Sul do Tejo.

O PSD considerou a decisão do Governo «um erro histórico» e anunciou que vai exigir explicações do ministro das Obras Públicas, Mário Lino, no Parlamento, e que vai pedir uma audiência à Confederação da Indústria Portuguesa para recolher mais informações sobre a matéria, noticia a agência Lusa.

Esta semana a Rede Ferroviária de Alta Velocidade (RAVE) divulgou que o ministro do Ambiente deu «luz verde» ao troço de TGV entre Lisboa e Alenquer, que tem uma extensão de 30 quilómetros e passa pelos concelhos de Loures e Vila Franca de Xira.

Em conferência de imprensa, na Assembleia da República, o presidente do grupo parlamentar do PSD, Paulo Rangel, e o deputado social-democrata Jorge Costa criticaram o Governo por ter estudado somente traçados com entrada em Lisboa pela margem Norte do Tejo, dos quais «dois foram rejeitados por razões ambientais», sem considerar nenhuma alternativa com entrada pela margem Sul.

«Quando não se estudam alternativas, não há alternativas», disse Paulo Rangel.

«O Governo não estou essa alternativa [pela margem Sul], mas outros estudaram», acrescentou.

Baseando-se num estudo da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Rodoviário (ADFER), o PSD acusou o Governo de «optar por um traçado de TGV entre Lisboa e o Porto que custa mais mil milhões de euros do que o traçado alternativo» pela margem Sul.
Essa alternativa «passa em Santarém, a Leste da Serra dos Candeeiros» e «tem uma bifurcação na margem Sul para Lisboa e para Alcochete», descreveu Jorge Costa.

De acordo com os sociais-democratas, o traçado pela margem Norte implica a construção «de viadutos e túneis pelo menos numa extensão de 16 quilómetros» e «envolve expropriações que a alternativa pela margem Sul nunca envolveria» porque aí «o território é mais plano, tem menos construção, está menos urbanizado».

«É escandaloso que, no momento de crise que o país vive, se continue com a ideia de avançar com o TGV e, avançando-se, se escolha uma solução irracional e que é muito custosa para o erário público», disse Paulo Rangel.

O deputado Jorge Costa criticou, por outro lado, o facto de o Governo ter escolhido, entre as soluções pela margem Norte do Tejo, «precisamente a que passa pela Ota».

No mesmo sentido, o presidente do grupo parlamentar do PSD disse que o traçado decidido pelo Governo «não tem em conta a nova localização do aeroporto em Alcochete, pelo contrário, continua a assumir que o aeroporto seria na Ota».

sábado, 7 de março de 2009

TGV - Acelaração para o Abismo


Ana Paula Vitorino fala da importância de ligar Portugal e Espanha

TGV: obra faz parte dos esforços para recuperar economia


Governo vai tentar antecipar o início da construção da ligação ferroviária, disse responsável.


Acelerar as ligações ferroviárias de alta velocidade entre Portugal e Espanha e outras grandes obras públicas faz parte dos esforços e medidas para a recuperação económica, afirmou esta quarta-feira a secretária de Estado dos Transportes.


«Todos temos obrigação de trabalhar para acelerar os prazos o mais possível, bem como tudo o que faça parte de um plano de recuperação económica», disse à agência Lusa em Madrid Ana Paula Vitorino.


Em Madrid para contactos com o governo espanhol, Ana Paula Vitorino afirmou que a vontade portuguesa de adiantar os prazos de conclusão do TGV serão transmitidos ao lado espanhol na próxima reunião da comissão de trabalho bilateral para a alta velocidade.

«Mas não façamos disso uma situação especial. Do lado espanhol parte já está em construção e eles próprios têm ficado um pouco condicionados pelos nossos prazos. Eles têm a possibilidade de concluir as obras mais cedo», disse.

A secretária de Estado disse terça-feira à Lusa em Bruxelas que o Governo vai tentar antecipar em seis meses, para o primeiro semestre de 2010, o arranque da construção do TGV com o objectivo de criar «mais cedo mais postos de trabalho».

«Se conseguir-mos colocar (o início das obras) mais cedo, nem que seja no final do primeiro semestre de 2010, teremos conseguido um avanço de seis meses», disse, assegurando que «o grande objectivo é começar a obra o mais cedo possível».

Para Ana Paula Vitorino os esforços para acelerar obras públicas estão em consonância tanto com as política de Portugal como da União Europeia para estímulo da economia.

A secretária de Estado relembrou ainda que o processo «já está em marcha» e que o executivo está em negociação com os dois melhores concorrentes para o primeiro troço de obras-entre o Poceirão e Caia-estando em curso os estudos para a construção da estação internacional da fronteira.