O Governo decidiu adiar a construção da Linha ferroviária Lisboa-Porto-Vigo, em bitola europeia, devido à actual situação económica do país.
Muitas pessoas colocam a dúvida sobre qual a razão de algumas das grandes obras avançarem e outras serem adiadas. A construção da terceira travessia sobre o rio Tejo e do novo aeroporto poderão ter um custo total que atingirá uma verba próxima dos 10 mil milhões de Euros.
Além disso, a sua execução nem sequer é prioritária. A RAVE, empresa que estuda a nova rede ferroviária de bitola (distância entre eixos) europeia, só tem considerado a prioridade para uma rede de passageiros, em vez de uma rede mista de mercadorias e passageiros.
Este erro de conceito levou à definição de uma rede que está quase toda mal concebida, apesar de já terem sido gastos, desde o ano de 2000, 100 milhões de Euros em estudos. Um dos principais erros foi ter sido projectada a nova Linha Lisboa-Porto exclusivamente para passageiros. Esta opção tornará impossível a ligação directa e sem transbordos dos portos, por Vilar Formoso-Europa.
A justificação apresentada para a opção de uma via Lisboa-Porto, só para passageiros, baseia-se na intenção de poder mudar-se a bitola na Linha do Norte nas próximas décadas e que esta migração seja executada num curto espaço de tempo. Esta operação só será possível fazer-se de uma forma faseada, mas só depois da nova rede de bitola europeia estar concluída. Na Linha do Norte circulam, por dia, centenas de comboios, o que torna impossível a migração de bitola, caso não exista outra alternativa.
OPÇÕES UTILIZADAS PARA MUDAR A BITOLA
As soluções usadas em Espanha para mudar a bitola são: - A utilização de travessas de dupla fixação, que permitem a instalação da bitola ibérica numa 1ª fase e, mais tarde, só a europeia. - Em vias duplas de baixo tráfego, uma delas funcionará como via única em bitola europeia e a outra em bitola ibérica. - Só para passageiros e temporariamente, recorre-se a comboios de duplo eixo. - Três carris, para pequenos percursos. Na Linha do Norte, como já foi referido, circulam por dia centenas de comboios suburbanos, nas "pontas" e, por ser a coluna vertebral da rede ferroviária actual, várias vias da rede existente dela dependem.
Nenhuma das opções anteriormente referidas possibilitará a mudança da distância de carris na Linha do Norte. A única solução passa por construir-se uma nova linha no eixo Norte-Sul, em bitola europeia, para passageiros e mercadorias. Para a terceira travessia do Tejo que a RAVE tem proposto, as vias de bitola europeia também são exclusivas de passageiros e, por essa razão, o projecto também deverá ser abandonado.
ÉVORA-BADAJOZ EM BITOLA IBÉRICA
Projectou-se a construção entre Évora e Badajoz, na mesma plataforma, de uma via de bitola Ibérica, paralela à nova linha dupla de bitola internacional entre Lisboa e Badajoz. Ora, não se justifica uma linha em bitola ibérica de mercadorias para cargas de 25 Ton/eixo, ao lado de uma via dupla mista (passageiros e mercadorias), em bitola europeia, também para 25 Ton/eixo. Relativamente à nova via de bitola ibérica Évora-Badajoz essa linha não tem qualquer sentido pelas seguintes razões:
1. A Linha Évora-Badajoz vai custar 250 milhões de Euros, além dos custos de manutenção ao longo das próximas décadas.
2. Se, por hipótese, a ligação em bitola internacional, de Badajoz até à Europa, para mercadorias, demorar 5 a 10 anos, esta terceira via nunca seria justificada para serem investidos centenas de milhões de euros.
3. A ligação de Sines a Cáceres e restantes cidades até próximo de Toledo só poderá ser em vias de bitola europeia.
4. É muito mais importante, desde já, projectar a ligação do Poceirão (nó de mercadorias) em bitola europeia, aos portos de Setúbal e Sines. Caso contrário, vai ser necessário fazer o transbordo no Poceirão, o que provocará um disparo de custos e limitará a capacidade do sistema. Os operadores logísticos irão preferir portos espanhóis, que não tenham esse problema.
5. Actualmente já existe o transporte de mercadorias, em bitola ibérica, desde Sines até Madrid, que vai por Sines-Poceirão-Vendas Novas-Setil-Entroncamento-Abrantes-Madrid. O troço Évora-Badajoz só pouparia cerca de 130 Km. Nunca justifica o investimento. O transporte de mercadorias deveria ser efectuado por comboios de tracção eléctrica que à noite é muito mais barato. Acontece que a rede convencional espanhola tem uma electrificação diferente da portuguesa.
Existem comboios de bi-tensão mas isso não é uma solução standard. Uma empresa já faz o transporte de mercadorias com comboios a diesel para Espanha mas não o faz para a Europa A solução standard que vai ser comum a Portugal, Espanha e resto da Europa será a nova rede de bitola europeia, com sinalização ERTMS e electrificação de 25 mil Volts em corrente alterna.
A compra de material circulante standard é muito mais barata e rápida Se fossem utilizadas as teorias da RAVE então bastaria utilizar a rede de mercadorias existente.
Ver, assim, este site para o confirmar:
http://www.cpcarga.pt/cp/displayPage.do?vgnextoid=172edf63e25a4010VgnVCM1000007b01a8c0RCRD
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