TGV irá destruir
o património histórico e ambiental do nosso Concelho
A marcha lenta contra a passagem do TGV no concelho de Alcobaça, realizada no dia 7 de Dezembro, mobilizou 320 viaturas, sendo que o IC2 (N1) esteve condicionado na direcção Sul-Norte cerca de duas longas horas levando a que a cauda da fila ultrapassa-se o cruzamento para Rio Maior. Esta iniciativa não contou com a participação em massa das freguesias a sul do concelho, embora entre os manifestantes estivessem algumas pessoas da Benedita e Turquel, sendo em maior número habitantes das freguesias de Prazeres e S. Vicente de Aljubarrota e de Évora de Alcobaça, no entanto também se encontravam presentes viaturas do concelho de Porto de Mós, cujo presidente também se encontra solidário com o nosso movimento e com esta manifestação.
Com início previsto para as 18h30, foi dado o arranque da concentração do IC2 junto ao Café do Alcides ás 19.00, sendo que a junção das duas caravanas deu-se cerca das 21.00 em Aljubarrota junto ao campo de futebol dos Olheiros. Eram já 22 horas, quando os últimos manifestantes chegaram aos Paços do Concelho de Alcobaça, cansados e com o estômago vazio, alguns participantes terão regressado de imediato a casa após a chegada a Alcobaça, o que terá diminuído o número de manifestantes junto aos Paços do Concelho. De qualquer modo, os representantes do denominado grupo A.T.A.C. (Amigos da Terra por Amor à Camisola) foram recebidos na Câmara Municipal de Alcobaça pelo vice-presidente Carlos Bonifácio, visto que o presidente Dr. Gonçalves Sapinho se encontrava doente, no entanto o Sr. vice-presidente não se dirigiu aos manifestantes, alegadamente, por não estar mandatado para tal, mostrando-se solidário com o movimento. Questionado sobre se poderia a Câmara dar apoio jurídico para uma petição reforçada com documentos ambientais a entregar na Assembleia da República, respondeu que a Câmara estava solidária e que daria apoio jurídico.
Cerca das 22h30, teve então início o comício, com intervenções do Eng.º Valdemar Rodrigues, que participou durante oito meses nos estudos da RAVE sobre o traçado do comboio de alta velocidade, e que manifestou solidariedade com o nosso movimento, lamentando a existência de divisões no movimento, por razões de "calculismo político." O engenheiro do Ambiente classificou o projecto para o TGV entre Lisboa e Porto "um disparate completo", seja do ponto de vista económico ou ambiental, por dividir o território e destruir alguns ecossistemas fundamentais como o de Vale do Ribeira do Mogo, e comportar um enorme risco financeiro para o País.
De seguida o Dr. Carlos Mendonça, presidente da Associação para a Defesa e Valorização do Património Cultural da Região de Alcobaça (ADEPA), (que acompanhou a caravana desde o inicio da concentração junto com outros elementos da ADEPA) considerou catastrófica a passagem do TGV pelo concelho de Alcobaça, com destruição do rico património histórico e ambiental do concelho. Destruição de grutas no Carvalhal de Aljubarrota, onde foram descobertos enterramentos da época do neolítico, reafirmando mais uma vez que o turismo de qualidade que tanto apregoamos, não se constrói com destruição de património.
Paulo Alexandre, presidente da SILEX, (Associação Ambiental e de Defesa do Património do Carvalhal de Aljubarrota), alertou para o risco do TGV poder contaminar o reservatório de água situado debaixo da Ribeira do Mogo e lembrou que aquela zona está classificada como Reserva Ecológica Nacional. Paulo Alexandre anunciou ainda que, além das 12 a 13 grutas exploradas por Vieira Natividade no Carvalhal de Aljubarrota, existem mais 40 cavidades no local, de grande importância histórica descobertas pelo seu grupo, nos últimos 4 anos. Mário Pereira da mesma associação, referiu ainda que a tecnologia TGV já não é nova, e que seremos nós a consumir toda a "sucata" da Europa.
Lúcia Duarte, conhecida artesã desvalorizou a importância do TGV entre Lisboa e Porto, considerando que só irá servir os interesses das grandes construtoras espanholas. Manifestou também esperança que, na terra da Padeira de Aljubarrota, o povo se una contra um projecto que entende não servir o concelho nem o país.
Seguidamente intervieram outros membros do grupo, e por fim, Noémia Rodrigues, começou por sublinhar que, ninguém do movimento A.T.A.C. tem ligações a qq partido, "nós não somos políticos nem pretendemos ter aspirações politicas", somos apenas cidadãos mobilizados por uma causa, com amor à nossa terra e à camisola.
A perda de qualidade de vida e os problemas de saúde foram os principais problemas associados à passagem do TGV, nomeadamente, surdez e cancro, este último devido à inevitável instalação de uma linha de muito alta tensão.
“O TGV vai retalhar o concelho, as famílias e os amigos", afirmou Noémia Rodrigues, numa alusão ao facto da linha de TGV provocar uma barreira de separação entre as populações, comparada por outra oradora membro do grupo, (Sónia Vazão) ao “Muro de Berlim”, garantindo ainda a solidariedade dos presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós e dos presidentes de Junta de Freguesia de S. Vicente e Prazeres de Aljubarrota, ausentes devido a compromissos públicos anteriormente assumidos, e anunciou a realização de encontros/colóquios, no mês de Janeiro, com o Prof. António Brotas, a Quercus e a Oikos.
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