quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

RAVE estuda traçados para o TGV


Os estudos para as localizações mais viáveis para o futuro traçado do TGV em Portugal, e a sua ligação a Espanha prosseguem a cargo da RAVE - Rede Ferroviária de Alta Velocidade, estando agora em análise novos itinerários.O surgimento de novas alternativas deve-se ao problema clássico da morfologia do território nacional, que tem causado "dores de cabeça" sempre que se planeia uma ligação terrestre entre Lisboa e o Porto.

No caso do TGV, a RAVE está a analisar dois corredores que permitam "contornar" a serra dos Candeeiros: um a nascente, partindo da Ota e envolvendo uma estação em Entroncamento-Tomar, e outro a poente, igualmente a partir da Ota mas com uma estação em Leiria. Daqui para norte parece pacífica a ideia de que a linha de alta velocidade passe por Coimbra e Aveiro antes de terminar no Porto.

A RAVE pondera ainda uma terceira alternativa: retirar a Ota, quer do percurso do TGV, quer do futuro aeroporto internacional de Lisboa.

Sem ter que passar pela Ota, a ligação do TGV entre Lisboa e o Porto obrigaria à construção de uma terceira travessia do rio Tejo, uma possibilidade há muito defendida e que o próprio ministro dos Transportes não descarta. Uma vez chegado à margem sul, o TGV inflectiria para norte, sempre pela margem esquerda do Tejo, voltando a atravessar o rio junto ao Entroncamento e penetrando em túnel pela serra dos Candeeiros em direcção a Leiria. Esta solução representaria um ligeiro acréscimo do tempo de viagem entre Lisboa e o Porto, apresentando igualmente maiores custos, uma vez que teriam que ser construídos um túnel na serra e uma nova ponte no Tejo. No entanto, o custo das duas estruturas acabaria por compensar, já que o fácil relevo sairia mais barato, enquanto que as expropriações necessárias seriam quase insignificantes.

Esta opção libertaria ainda o projecto de algumas complexidades inerentes à passagem da linha de TGV na Ota, ao mesmo tempo que permitia ao Governo manter a questão do novo aeroporto de Lisboa em "banho-maria". Acrescente-se ainda que a zona de Rio Frio, que durante bastante tempo disputou com a Ota a localização do novo aeroporto, é compatível com este novo traçado para o TGV.

Comboio no centro das cidades

Mas as dificuldades não se limitam à morfologia do terreno e aos traçados mais adequados, uma vez que as formas e os locais onde o TGV atravessará as cidades são igualmente complexas, representando mesmo um contrasenso.

Esta é mesmo a maior dificuldade ao projecto, uma vez que é nas cidades que se concentra o grande bolo de potenciais clientes, mas é também aqui que cada quilómetro do traçado de alta velocidade custa mais dinheiro devido às expropriações e à construção de túneis e viadutos.

Recorde-se que o estudo de viabilidade dos corredores e o estudo prévio dos corredores seleccionados foram já adjudicados aos consórcios liderados pela Euroestudos, Ingenieros de Consulta, SL e Coba, Consultores de Engenharia e Ambiente, respectivamente, enquanto a Epypsa - Estudios, Proyectos y Planificación (incluindo os subcontratados Exacto, Tecninvest e Booz Allen) foi a escolhida no concurso público internacional para a consultoria e assistência técnica ao estudo de mercado, avaliação soció-económica e financeira do projecto da linha de alta velocidade Lisboa/Porto-Madrid.

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