segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Grandes obras públicas questionadas por ex-ministros das finanças

"Os grandes projectos públicos são de justificação duvidosa, mesmo que não existisse endividamento exterior". Foram estas as palavras de Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças de José Sócrates, numa sessão de debate esta segunda-feira sobre "A crise Financeira e As Grandes Obras Públicas", promovida pela Sociedade de Geografia de Lisboa e pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário (ADFER).


Para Campos e Cunha, "mais endividamento externo só se pode justificar se for para financiar projectos com elevada rentabilidade". Além disso, o antigo ministro referiu que os grandes projectos públicos ao recorrerem ao financiamento, podem deixar o resto da economia sem crédito. Acresce ainda que "todos os portugueses que tenham empréstimos à banca passarão a pagar mais, porque os grandes projectos públicos fazem subir os spreads", apontou.

Também Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças, destacou a necessidade de se repensarem as grandes obras. "A sociedade civil tem que pressionar o governo a fazer análises de custo-benefício, a definir prioridades e calendários", defendeu, apontando que existem pequenas obras que são mais prioritárias do que os grandes projectos anunciados pelo Executivo.

Para Catroga, o investimento, público ou privado, tem de contribuir para "aumentar o potencial produtivo do país, criar emprego sustentado na economia e contribuir para o controlo do endividamento externo", o que em muitas das infra-estruturas previstas não acontece.


A ADFER deixou também a sua posição, pela voz de Arménio Matias, presidente daquela associação, que referiu que querem que a rede ferroviária seja melhorada, mas não "a qualquer custo", exemplificando com a linha da Beira Baixa "que não terá procura que o justifique". "Se esta crise financeira obrigar o Governo a repensar [os grandes projectos], o futuro não estará perdido", constatou Arménio Matias.

in:http://www.cargoedicoes.pt/news/n_476.html

Declaração favorável ao traçado do TGV não agrada a autarcas


A declaração de impacte ambiental favorável ao troço Alenquer/ Pombal da linha de alta velocidade Lisboa-Porto não agrada aos autarcas da zona abrangida. O presidente da Câmara de Alenquer é um dos que critica a posição, tal como os autarcas de Pombal e Alcobaça.

A alternativa de traçado do troço Alenquer/Pombal da linha de alta velocidade Lisboa-Porto, que prevê a localização da estação de Leiria na zona da Barosa (poente), obteve a declaração de impacte ambiental favorável, segundo anunciou a Rede Ferroviária de Alta Velocidade (RAVE).

Segundo a RAVE, a alternativa aprovada na terça-feira prevê a localização da estação de Leiria na zona da freguesia da Barosa (ponte) sendo a solução "que permite uma melhor articulação com a Linha do Oeste, estando prevista uma ligação a esta linha na futura Estação de Leiria, a executar em simultâneo com a construção da linha de alta velocidade".

O presidente da Câmara Municipal de Alenquer, Álvaro Pedro (PS), lamentou que "as opiniões da autarquia não tenham sido ouvidas", acrescentando que "se calhar não tinham razão de ser".
Segundo o presidente da Câmara de Alenquer, que chumbou por unanimidade o estudo de impacte ambiental pela ausência de informação quanto aos impactes que poderá trazer às populações, estes "esclarecimentos nunca foram dados à autarquia".

O presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, José Gonçalves Sapinho (PSD), disse que "mantém" posição contrária, lamentando, devido ao traçado do TGV, estar na "expectativa que o Novo Aeroporto de Lisboa não seja na Ota". "Somos contra o TGV entre Lisboa e Porto", frisou Gonçalves Sapinho, justificando que "em Portugal, não há quem o utilize".

Segundo o presidente da Câmara de Alcobaça, cuja Assembleia Municipal rejeitou todos os possíveis traçados para o TGV, a proposta sugere um "Portugal dos pequeninos", reforçando que o comboio de alta-velocidade "vai parar em todos os apeadeiros" entre Lisboa e Porto.
Gonçalves Sapinho deplorou que "entre a linha do TGV e o cume da Serra de Candeeiros passe a ser um deserto, uma terra de ninguém", explicando que "do ponto de vista económico deixará de ter interesse".


O presidente da Câmara Municipal de Pombal, Narciso Mota (PSD), classificou como "um erro histórico do país" a ligação do TGV entre Lisboa e Porto, frisando que no seu concelho "vai dividir aldeias, sem beneficiar nem o país, nem a região".

Até agora estavam em análise duas localizações para a nova estação de alta velocidade de Leiria, uma a nascente e outra a poente da cidade, a decidir em função da avaliação de impacte ambiental do troço Alenquer/Pombal.


Arquivo: Edição de 10-01-2008


in: http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=321&id=40368&idSeccao=4647&Action=noticia

TGV deve passar por Santarém

Arménio Matias, presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário (ADFER) defendeu, hoje, que a linha do TGV deveria passar pela margem esquerda do Tejo até à região de Santarém. O especialista fundamentou esta opção com base na localização do futuro aeroporto de Alcochete. Realçando que tal solução já se encontra prevista no estudo da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), defendeu ainda a passagem da linha a leste da Serra dos Candeeiros, mantendo, a partir da região de Leiria, todo o traçado que tem sido estudado desde o inicio. Aplaudindo a atitude do Ministro Mário Lino que admitiu a possibilidade de alterações ao traçado, acrescentou que a opção defendida é «mais barata, conduz aproximadamente ao mesmo tempo de percurso Lisboa-Porto e cria uma boa articulação entre a rede de alta velocidade e o aeroporto de Lisboa».