terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Ligação Porto a Vigo não é rentável em TGV


26.09.2007
Para se chegar a um tempo de percurso de 2 horas e 15 minutos entre Lisboa e o Porto (um ganho de 20 minutos face ao tempo actual) seria preciso investir mais 1,8 mil milhões na linha do Norte, afirmou ontem a secretária de Estado dos Transportes, justificando assim a necessidade da alta velocidade. Pelo menos nas ligações entre a capital e o Porto ou Madrid, uma vez que “ligar o Porto a Vigo não é financeiramente sustentável”, garantiu Ana Paula Vitorino.

Aquele troço, que deverá entrar em funcionamento em 2013, terá características técnicas inferiores à da rede de alta velocidade precisamente devido à falta de sustentabilidade do projecto, explicou a governante. É por isso que, por exemplo, a ligação irá aproveitar a linha existente entre Porto e Braga, o tráfego será misto e a velocidade de projecto prevista é de 250 quilómetros (contra os 350 km/h do resto da rede).
Mas como o objectivo é a dinamização do “tecido económico do Norte do País”, está a ser estudada a ligação entre a estação de Campanhã (alta velocidade) e o Porto de Leixões, adiantou ontem Ana Paula Vitorino no final da audiência na Comissão Parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações.

Desta forma, potencia-se o porto de Leixões – que poderá servir um território mais vasto (até à Galiza) – e a própria linha ferroviária, colocando-a no “limiar da sustentabilidade”, explicou Ana Paula Vitorino.

Quanto à capacidade da linha do Norte, em alternativa à rede de alta velocidade, a secretária de Estado comparou a situação de esgotamento actual à antiga Estrada Nacional 1 antes da construção da Auto-estrada do Norte, “quando ir a uma reunião ao Porto demorava o dia inteiro”. Desde então já foram inscritos em PIDDAC 23 vezes mais do que o previsto, ou seja, 1,78 mil milhões de euros, segundo uma auditoria do Tribunal de Contas.

Actualmente o alfa pendular liga o Porto a Lisboa em 2 horas e 35 minutos mas para reduzir para 2 horas e 15 minutos teriam de ser investidos 1800 milhões de euros, explicou a secretária de Estado. Recorde-se que em comboio de alta velocidade o percurso entre as duas maiores cidades do País será feita em 1 hora e 15 minutos.

ATRASOS PENALIZADOS

O Parlamento Europeu aprovou ontem nova legislação sobre os direitos dos passageiros, que entrará em vigor em finais de 2009. Indemnizações por atrasos e acessos acessíveis a todos são algumas das disposições do chamado terceiro pacote ferroviário, que inclui a liberalização dos serviços internacionais.

De acordo com o novo regulamento, os passageiros poderão pedir uma indemnização à empresa ferroviária por atrasos: se for entre os 60 e os 119 minutos, a restituição será de 25 por cento do preço do bilhete; se for superior a duas horas, o valor a devolver será metade do preço do bilhete. Ficou ainda consagrado que as pessoas com mobilidade reduzida, nomeadamente idosos, tenham acesso aos cais e os comboios.

MANDATO DA CP JÁ TERMINOU

O actual conselho de administração da CP, liderado por Cardoso dos Reis, terminou segunda-feira o seu mandato, mas continuará em “gestão corrente até o Conselho de Ministros aprovar um novo conselho”, explicou ontem ao CM fonte do Ministério das Obras Públicas. Cardoso dos Reis foi nomeado presidente da CP no ano passado, substituindo António Ramalho, que foi exonerado a seu pedido, mas apenas “para o período disponível do mandato em curso”, como se pode ler na resolução do Conselho de Ministros de 13 de Julho de 2006.

Com Cardoso dos Reis foi ainda nomeado Paulo Magina, após saída de Miguel Setas, que assumiu a responsabilidade pelas áreas de Finanças Corporativas, Projectos e Patrimónios. Para além destes, terminam ainda os mandatos Leiria Pinto (responsável pela CP Alta Velocidade), Adriano Moreira (CP Porto e Lisboa) e Nuno Moreira (CP Regional e CP Longo Curso).

SAIBA MAIS

7,1 mil milhões de euros é quanto deverá custar a rede de alta velocidade em Portugal, com as ligações Lisboa-Porto, Porto-Vigo e Lisboa-Madrid. Este valor inclui a componente de TGV na Terceira Travessia do Tejo (TTT) entre Chelas e o Barreiro, que é de 600 milhões de euros.

100 euros é o preço previsto (num estudo realizado em 2005) para um bilhete para o TGV entre Lisboa e Madrid. O preço calculado para o percurso entre Lisboa e Porto é de 40 euros. Mas o modelo deverá prever promoções.

SEM DECISÃO

O governo deverá anunciar em breve a localização da estação de alta velocidade em Lisboa e quais as componentes da Terceira Travessia sobre o Tejo (se inclui ou não rodovia).

FINANCIAMENTO

O Estado assegura 36 por cento do financiamento, os fundos comunitários 19 por cento e os privados os restantes 45 por cento.

MODELO

As empresas privadas propõem-se a conceber, financiar, construir e manter cinco troços das linhas ferroviárias.

ESTAÇÕES E LIGAÇÕES À REDE

SEM OTA

A estação da Ota não será construída caso a localização para o novo aeroporto seja a Margem Sul.Mas a ideia não era a de ligar Lisboa ao aeroporto em Alta velocidade mas sim usar a linha dedicada para um ‘shutlle’

AEROPORTO

A ligação entre a rede de alta velocidade e o aeroporto Sá Carneiro no Porto estará assegurada, afirmou ontem a secretária de Estado. No entanto, poderá não estar garantida desde a entrada em circulação, em 2013

LIGAÇÕES

As inter-ligações entre as duas redes, a convencional e a alta velocidade ferroviária, estão garantidas. Leiria, por exemplo, terá ligação a linha do Oeste, e Coimbra B também assegura a ligação à rede convencional.

http://engenhariacivil.wordpress.com
Fonte: Correio da Manhã

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