Os presidentes das câmaras municipais de Pombal, Alcobaça e Alenquer criticaram hoje a declaração de impacte ambiental favorável ao traçado do troço Alenquer/Pombal da linha de alta velocidade Lisboa-Porto.
A alternativa de traçado do troço Alenquer/Pombal da linha de alta velocidade Lisboa-Porto, que prevê a localização da estação de Leiria na zona da Barosa (poente), obteve a declaração de impacte ambiental favorável, anunciou hoje a Rede Ferroviária de Alta Velocidade (RAVE).
Segundo a RAVE, a alternativa aprovada hoje prevê a localização da estação de Leiria na zona da freguesia da Barosa (ponte) sendo a solução "que permite uma melhor articulação com a Linha do Oeste, estando prevista uma ligação a esta linha na futura Estação de Leiria, a executar em simultâneo com a construção da linha de alta velocidade".
O presidente da Câmara Municipal de Pombal, Narciso Mota (PSD), classificou, em declarações à Agência Lusa, como "um erro histórico do país" a ligação do TGV entre Lisboa e Porto, frisando que no seu concelho "vai dividir aldeias, sem beneficiar nem o país, nem a região".
Narciso Mota questiona o "sentido de Estado" dos elementos do governo, que, de acordo com o autarca "fazem obras sem pensar no interesse nacional" e mediante "clientelas, 'lobbies' e pressões".
Para o autarca, as paragens do comboio de alta-velocidade em Leiria, Coimbra e Aveiro vão fazer com que "nunca atinja a velocidade cruzeiro pretendida de 300 quilómetros por hora".
"Não criem mais elefantes brancos", disse Narciso Mota, exemplificando o caso dos estádios construídos para o campeonato da Europa de futebol em 2004, afirmando-se "descontente, revoltado e indignado" perante um "governo autista e prepotente".
A Assembleia Municipal de Pombal pronunciou-se contra o traçado proposto do TGV, aprovando por unanimidade uma moção apresentada pelas freguesias de Almagreira, Carnide e Pombal.
Também o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, José Gonçalves Sapinho (PSD), disse hoje à Lusa que "mantém" posição contrária, lamentando, devido ao traçado do TGV, estar na "expectativa que o Novo Aeroporto de Lisboa não seja na Ota".
"Somos contra o TGV entre Lisboa e Porto", frisou Gonçalves Sapinho, justificando que "em Portugal, não há quem o utilize".
Segundo o presidente da Câmara de Alcobaça, cuja Assembleia Municipal rejeitou todos os possíveis traçados para o TGV, a proposta sugere um "Portugal dos pequeninos", reforçando que o comboio de alta-velocidade "vai parar em todos os apeadeiros" entre Lisboa e Porto.
"Em Alcobaça, o TGV não passará", garantiu o autarca, reafirmando que não vê "uma só razão para que passe no concelho", defendendo que se faça "do melhor do mundo" nas ligações de alta velocidade com Espanha.
Gonçalves Sapinho deplorou que "entre a linha do TGV e o cume da Serra de Candeeiros passe a ser um deserto, uma terra de ninguém", explicando que "do ponto de vista económico deixará de ter interesse".
O autarca questionou a "consciência" da RAVE, que segundo Gonçalves Sapinho, "assumiu o compromisso que nada seria público antes de a Câmara de Alcobaça ser consultada".
Já o presidente da Câmara Municipal de Alenquer, Álvaro Pedro (PS), lamentou que "as opiniões da autarquia não tenham sido ouvidas", acrescentando que "se calhar não tinham razão de ser".
Segundo o presidente da Câmara de Alenquer, que chumbou por unanimidade o estudo de impacte ambiental pela ausência de informação quanto aos impactes que poderá trazer às populações, estes "esclarecimentos nunca foram dados à autarquia".
Até agora estavam em análise duas localizações para a nova estação de alta velocidade de Leiria, uma a nascente e outra a poente da cidade, a decidir em função da avaliação de impacte ambiental do troço Alenquer/Pombal.
João Pedro Simões/CSJ. Lusa
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