domingo, 24 de fevereiro de 2008

Reavaliação do aeroporto chega à travessia e ao TGV


Primeiro foi o aeroporto. Agora é a terceira travessia do Tejo (TTT) em Lisboa e mais tarde pode ser a rede de alta velocidade ferroviária (TGV).

A contestação e o reequacionar dos grandes investimentos públicos terá como consequência o adiamento da execução dos três projectos emblemáticos, orçados em mais de 11 mil milhões de euros, para a próxima legislatura, ainda que existam concursos lançados e decididos até 2009.Em Julho de 2005, o aeroporto e o TGV eram os grandes projectos públicos do PIIP (Plano de Investimentos em Infra-Estruturas Prioritárias), apresentado pelo primeiro- -ministro, José Sócrates, num pacote que procurava contrariar medidas mais duras decididas para controlar o défice público, como a subida de impostos.

Os investimentos públicos e privados, de 25 mil milhões de euros, eram para ser realizados até 2009. O aeroporto, então na Ota, e o TGV foram desde logo os polémicos, levando mesmo à saída do ministro das Finanças, Campos e Cunha. Apesar de a sua conclusão ultrapassar o horizonte da legislatura, previa-se que até 2009 fossem investidos 650 milhões de euros no aeroporto e 1500 milhões de euros na rede de TGV. Mas, para já e até ao final do ano, o investimento limita-se a estudos e projectos.

A derrapagem para depois das eleições legislativas do início da construção do novo aeroporto de Lisboa, agora no Campo de Tiro de Alcochete, é já uma certeza para o presidente da Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas (Aecops). Sobretudo se se mantiver o modelo de negócio que associava um concurso internacional para a privatização da ANA - Aeroportos de Portugal, sublinha Ricardo Pedrosa Gomes. O calendário também já está apertado na travessia do Tejo. Mesmo que a escolha seja Chelas/Barreiro, a opção mais avançada, a renegociação com a Lusoponte, concessionária das pontes Vasco da Gama e 25 de Abril, pode arrastar este dossier. A alta velocidade deveria estar no terreno este ano.
O primeiro concurso está previsto para Julho. O presidente da Aecops diz que ainda é possível iniciar obra na actual legislatura no TGV e na ponte, se não houver mudança do corredor da travessia, o que atrasaria em três a quatro anos a ligação Lisboa/Madrid, inviabilizando a data de 2013.

Apesar de já ter impacto ambiental aprovado, a linha Lisboa/Porto também levanta dúvidas. É que a transferência do aeroporto da Ota para sul implica a perda de um tráfego que era muito importante para esta ligação. "Tenho dúvidas de que haja um grande interesse dos privados nesta linha. É que o investimento é muito alto e o retorno será uma incógnita."

A energia eólica, a banda larga e as concessões rodoviárias eram outros projectos de dimensão dos PIIP. Apesar de terem avançado, a sua execução tem revelado, em alguns casos, atrasos que decorrem da morosidade de processos de decisão e licenciamento, como é o caso das eólicas.

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