Lisboa, 8 de Abril de 2008
No programa “Prós e Contras” emitido ontem pela RTP, a jornalista Fátima Campos Ferreira não fez uma única vez a pergunta: “E o TGV vindo do Norte, como irá entrar em Lisboa?” ( Ou, para sermos mais precisos : “ qual será o trajecto da futura linha de bitola europeia de Lisboa ao Porto, em que circularão diversos comboios entre eles TGV, e que será a mais importante linha ferroviária portuguesa?)
Enquanto esta pergunta não for feita o debate sobre a travessia ferroviária do Tejo será sempre um debate mutilado.
Assistimos, ontem, a um confronto em que foram apresentadas as vantagens e, sobretudo os inconvenientes, de duas soluções que o LNEC foi encarregado de comparar, mas ainda sem o encargo de as relacionar com a futura rede ferroviária a Norte do Tejo.
Estamos a ser um país ao contrário, que primeiro discute as pontes e depois os trajectos ferroviários.
Do debate de ontem, os 9 milhões de portugueses que vivem fora de Lisboa e da península de Setúbal ( e que terão alguma dificuldade em distinguir o Barreiro do Montijo) só podem ter retirado, que os problemas estão ainda muito insuficientemente estudados, que os custos podem ser gigantescos, e que os interesses gerais do país não estarão a ser devidamente equacionados e ponderados.
Estes interesses exigem que se procurem soluções que não obriguem a um grande dispêndio de verbas na região de Lisboa, e permitam construir com o melhor trajecto possível a futura linha de bitola europeia de Lisboa para o Porto.
As soluções ontem apresentadas não são únicas.
A solução que apresentei na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 13 de Março (cujo resumo envio em anexo) e a solução bastante semelhante apresentada pelo Engenheiro Luís Cabral da Silva no LNEC, no encontro de 12 de Fevereiro, no caso de serem possíveis, e penso que o são, são mais fáceis de construir, têm custos inferiores, talvez metade do das ontem referidas, e permitem-nos construir uma futura rede ferroviária bastante mais condizente com os interesses globais do País.
O mínimo que se pede é que sejam consideradas e estudadas.
Têm, sobre este assunto, uma palavra a dizer os movimentos ecologistas que se devem, desde o início, debruçar sobre o problema para dizer qual, de todas as soluções possíveis, acham preferível.
António Brotas
No programa “Prós e Contras” emitido ontem pela RTP, a jornalista Fátima Campos Ferreira não fez uma única vez a pergunta: “E o TGV vindo do Norte, como irá entrar em Lisboa?” ( Ou, para sermos mais precisos : “ qual será o trajecto da futura linha de bitola europeia de Lisboa ao Porto, em que circularão diversos comboios entre eles TGV, e que será a mais importante linha ferroviária portuguesa?)
Enquanto esta pergunta não for feita o debate sobre a travessia ferroviária do Tejo será sempre um debate mutilado.
Assistimos, ontem, a um confronto em que foram apresentadas as vantagens e, sobretudo os inconvenientes, de duas soluções que o LNEC foi encarregado de comparar, mas ainda sem o encargo de as relacionar com a futura rede ferroviária a Norte do Tejo.
Estamos a ser um país ao contrário, que primeiro discute as pontes e depois os trajectos ferroviários.
Do debate de ontem, os 9 milhões de portugueses que vivem fora de Lisboa e da península de Setúbal ( e que terão alguma dificuldade em distinguir o Barreiro do Montijo) só podem ter retirado, que os problemas estão ainda muito insuficientemente estudados, que os custos podem ser gigantescos, e que os interesses gerais do país não estarão a ser devidamente equacionados e ponderados.
Estes interesses exigem que se procurem soluções que não obriguem a um grande dispêndio de verbas na região de Lisboa, e permitam construir com o melhor trajecto possível a futura linha de bitola europeia de Lisboa para o Porto.
As soluções ontem apresentadas não são únicas.
A solução que apresentei na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 13 de Março (cujo resumo envio em anexo) e a solução bastante semelhante apresentada pelo Engenheiro Luís Cabral da Silva no LNEC, no encontro de 12 de Fevereiro, no caso de serem possíveis, e penso que o são, são mais fáceis de construir, têm custos inferiores, talvez metade do das ontem referidas, e permitem-nos construir uma futura rede ferroviária bastante mais condizente com os interesses globais do País.
O mínimo que se pede é que sejam consideradas e estudadas.
Têm, sobre este assunto, uma palavra a dizer os movimentos ecologistas que se devem, desde o início, debruçar sobre o problema para dizer qual, de todas as soluções possíveis, acham preferível.
António Brotas
Professor Jubilado do IST
(Anexo)
ESQUEMA DE UMA PROPOSTA APRESENTADA NO DIA 13 DE MARÇO NO ENCONTRO DA SGL SOBRE:
A TRAVESSIA FERROVIÁRIA DO TEJO, O TGV PARA O PORTO, E O ACESSO FERROVIÁRIO AO NOVO AEROPORTO.
A linha da Gare do Oriente até Alverca tem 4 vias, actualmente todas de bitola ibérica, que são usadas por comboios de longo curso, suburbanos e de mercadorias. Em Alhandra e Vila Franca a linha tem só duas vias e é muito difícil duplica-la à superfície numa extensão de cerca de 8 km.
O que se propõe é que duas das vias da Gare do Oriente a Alverca passem a bitola europeia e que seja estudada uma travessia ferroviária do Tejo a seguir a Alverca, por ponte ou túnel, aproximadamente na direcção do Porto Alto.
Perto do Porto Alto, deverá haver um ponto de encontro (e talvez uma estação) onde se devem encontrar as linhas de bitola standard para Badajoz, para o novo Aeroporto (devendo esta linha ser prolongada até ao Pinhal Novo) e, uma linha pela margem esquerda do Tejo até perto da Chamusca, que servirá para a futura linha TGV para o Porto.
As linhas de bitola standard previstas neste projecto serão usadas para:
1- Os TGV de Lisboa para Madrid e outros comboios de bitola standard que usem a linha para Badajoz.
2- As navetes saídas da Gare do Oriente para o novo Aeroporto (algumas das quais devem ser prolongadas até ao Pinhal Novo). Estas navetes servirão também, nalguma medida, para o tráfego suburbano. No troço Alverca/Gare do Oriente devem ser previstos suburbanos que circularão só na margem Norte.
3- Para o TGV para o Porto, quando vier a ser construído e que deverá passar perto do Entroncamento, que deverá manter a sua vocação ferroviária. (É de prever, a relativo curto prazo, a passagem a bitola standard da linha da Beira Baixa que, ligada na Guarda à futura linha Aveiro/Vilar Formoso, permitirá o trânsito ferroviário das nossas mercadorias para o centro da Europa sem necessidade de passarem por Madrid).
As actuais linhas de bitola ibérica (incluindo a linha da cintura) pouco ou nada serão perturbadas por estas obras e prevê-se que continuem a funcionar como actualmente por um largo período (talvez duas décadas). Assim, todos os actuais comboios que passam em Vila Franca, de longo curso, suburbanos e de mercadorias, continuarão em funcionamento como até agora.
Actualmente, passam por hora, em Alverca, nas horas de ponta, 6 comboios suburbanos, 4 vindos de Vila Franca e dois que partem de Alverca. Estes últimos serão substituídos por comboios que circularão nas vias de bitola standard, que terão capacidade para mais suburbanos até à gare do Oriente, ou mesmo até Braço de Prata.
NOTA: Esta proposta não é muito diferente da apresentada pelo Eng. Luís Cabral da Silva no encontro promovido pela Ordem dos Engenheiros e pelo LNEC, em 12 de Fevereiro, podendo ser as duas consideradas variantes uma da outra.
A linha da Gare do Oriente até Alverca tem 4 vias, actualmente todas de bitola ibérica, que são usadas por comboios de longo curso, suburbanos e de mercadorias. Em Alhandra e Vila Franca a linha tem só duas vias e é muito difícil duplica-la à superfície numa extensão de cerca de 8 km.
O que se propõe é que duas das vias da Gare do Oriente a Alverca passem a bitola europeia e que seja estudada uma travessia ferroviária do Tejo a seguir a Alverca, por ponte ou túnel, aproximadamente na direcção do Porto Alto.
Perto do Porto Alto, deverá haver um ponto de encontro (e talvez uma estação) onde se devem encontrar as linhas de bitola standard para Badajoz, para o novo Aeroporto (devendo esta linha ser prolongada até ao Pinhal Novo) e, uma linha pela margem esquerda do Tejo até perto da Chamusca, que servirá para a futura linha TGV para o Porto.
As linhas de bitola standard previstas neste projecto serão usadas para:
1- Os TGV de Lisboa para Madrid e outros comboios de bitola standard que usem a linha para Badajoz.
2- As navetes saídas da Gare do Oriente para o novo Aeroporto (algumas das quais devem ser prolongadas até ao Pinhal Novo). Estas navetes servirão também, nalguma medida, para o tráfego suburbano. No troço Alverca/Gare do Oriente devem ser previstos suburbanos que circularão só na margem Norte.
3- Para o TGV para o Porto, quando vier a ser construído e que deverá passar perto do Entroncamento, que deverá manter a sua vocação ferroviária. (É de prever, a relativo curto prazo, a passagem a bitola standard da linha da Beira Baixa que, ligada na Guarda à futura linha Aveiro/Vilar Formoso, permitirá o trânsito ferroviário das nossas mercadorias para o centro da Europa sem necessidade de passarem por Madrid).
As actuais linhas de bitola ibérica (incluindo a linha da cintura) pouco ou nada serão perturbadas por estas obras e prevê-se que continuem a funcionar como actualmente por um largo período (talvez duas décadas). Assim, todos os actuais comboios que passam em Vila Franca, de longo curso, suburbanos e de mercadorias, continuarão em funcionamento como até agora.
Actualmente, passam por hora, em Alverca, nas horas de ponta, 6 comboios suburbanos, 4 vindos de Vila Franca e dois que partem de Alverca. Estes últimos serão substituídos por comboios que circularão nas vias de bitola standard, que terão capacidade para mais suburbanos até à gare do Oriente, ou mesmo até Braço de Prata.
NOTA: Esta proposta não é muito diferente da apresentada pelo Eng. Luís Cabral da Silva no encontro promovido pela Ordem dos Engenheiros e pelo LNEC, em 12 de Fevereiro, podendo ser as duas consideradas variantes uma da outra.
DIFICULDADES Na Gare do Oriente
Na Gare do Oriente, com 8 cais, mas pensada como apeadeiro de luxo e não como estação terminal, é fácil passar duas das vias a bitola standard. Mas os comboios não poderão nelas ficar estacionados nem inverter a marcha. Estes comboios ao sair da estação terão, assim, de seguir no mesmo sentido. A solução é prever perto de Braço de Prata, onde há espaço para isso, uma zona onde estes comboios possam estacionar, ser limpos e esperar a hora para reentrar na Gare do Oriente, já em sentido contrário.
Na travessia do Tejo perto de Alverca.
A travessia a seguir a Alverca pode ser feita por ponte, ou por túnel. As duas hipóteses devem ser estudadas. Tecnicamente, nenhuma parece levantar dificuldades de maior, mas há o problema da Reserva Natural do Estuário do Tejo. Numa travessia imediatamente a seguir a Alverca a Reserva é atravessada numa extensão de cerca de 2 km. Na travessia por túnel é perturbada durante um período, mas depois é reconstruída nas condições iniciais. Na travessia por uma ponte prolongada por um viaduto, não se vê que espécie de animais serão prejudicadas. Um viaduto a atravessar a Reserva pode, aliás, protege-la de ambições imobiliárias.
As opiniões das diferentes associações ambientalistas sobre impactos ambientais das várias hipóteses de travessia ferroviária do Tejo devem desde já ser ouvidas para se saber quais consideram preferíveis.
No caso da travessia por uma ponte imediatamente a seguir a Alverca ter de ser posta de parte por obrigar a uma travessia da Reserva, a linha pode ganhar cota ainda na margem Norte para, em seguida, entrar no Tejo num trajecto paralelo à margem de e passar diante de Alhandra num viaduto com cerca de 15 m, para não perturbar a vida ribeirinha da vila. A seguir a Alhandra, a linha, já sem passar na Reserva, pode virar à direita na Direcção do Porto Alto. É um assunto que tem de ser estudado localmente.
12 de Março de 2008
António Brotas
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