segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ferreira Leite quer travar TGV



Manuela Ferreira Leite garantiu ontem que, se for eleita primeira-ministra, pára o TGV, por considerar que o País não tem forma de suportar os custos do projecto.

"Sendo Governo riscaria automaticamente o TGV. Tem custos de tal forma violentos que não são comportáveis com o nosso endividamento", afirmou a líder do PSD, em entrevista à RTP 1, tendo, aliás, reconhecido dúvidas quanto às contas apresentadas por José Sócrates: "Não estou certa de que a consolidação orçamental seja tão forte como o Governo diz." Mas, a confirmar-se, sublinhou, os impostos devem descer, a começar pelo IRS e pela taxa social única.

A líder do PSD admite que a taxa de desemprego poderá atingir os 10% este ano. "Se tal não acontecer, será devido a muito artifício por parte do Governo", disse.

Em ano de eleições, Manuela Ferreira Leite considera que Santana Lopes tem credibilidade para ser candidato à Câmara de Lisboa, mas não apoia o nome do ex-inspector da PJ Gonçalo Amaral para a Câmara de Olhão. Para a presidente do PSD, esta situação poderia "dar imagem de haver promiscuidade entre Política e Justiça".

Manuela Ferreira Leite aproveitou ainda para agradecer a Pedro Passos Coelho, ex-adversário nas directas do PSD, a "mobilização" que está a desenvolver como militante do partido. "Nunca me poderia sentir incomodada com a actuação de um militante activo, até agradeço e não o digo com ironia", frisou.

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Ana Patrícia Dias / Janete Frazão

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=26B5F76D-F5F2-4C98-918F-4E437B129F51 hannelid=00000090-0000-0000-0000-000000000090

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Em Alta Velocidade para o Abismo

O TGV, que se anuncia, é talvez o investimento público mais estúpido de toda a história do nosso país. O enorme espírito de Natal dos portugueses, associado aos seus tradicionais brandos costumes, não chega para tolerar tão enorme disparate.

O TGV não cumpre qualquer regra mínima a que se deve submeter um investimento. Não é nem nunca será economicamente rentável. Não induz efeitos reprodutores positivos, não gera sinergias na actividade económica. E, por fim, não tem a mínima utilidade social.

Sem qualquer sustentabilidade económica, o projecto tem um custo previsto de cerca de 15 mil milhões de euros, valores da ordem de grandeza da colecta anual do IVA ou IRS (a que irão acrescer os crónicos desvios orçamentais das obras públicas). O investimento não é amortizável e, apesar da (pífia) comparticipação de fundos europeus, irá comprometer os impostos de três gerações. Além de que a exploração comercial deste comboio será deficitária, como já o é em todos os países e todas as linhas - com uma única excepção, no Japão.

O TGV também não aportará qualquer efeito positivo à economia nacional. Não serve para transporte de mercadorias, esta sim uma prioridade urgente e sempre adiada. Só de forma muito diminuta servirá o turismo. Nem a agricultura, as pescas ou as indústrias de qualquer tipo beneficiarão da sua existência. Este comboio será usado apenas pela oligarquia lisboeta, nas suas jornadas de vassalagem a Madrid e incursões colonialistas ao Porto.

Por último, o TGV não incorpora benefícios de ordem social. A maioria dos cidadãos nunca utilizará este transporte de ricos, que será pago pelos impostos dos pobres.

Então, para que serve? Para que Portugal não fique arredado das rotas do desenvolvimento, como nos querem fazer crer? Este é o mais falacioso dos argumentos. Se o TGV gera riqueza, então por que razão os países com os mais elevados índices de desenvolvimento humano - a Noruega, a Suécia, a Irlanda, ou até a Austrália e o Canadá - não têm alta velocidade ferroviária?

De facto, este megaprojecto interessa apenas aos construtores, a quem os políticos portugueses devem humilhante obediência. Aos fornecedores de tecnologia, que controlam a burocracia europeia. E aos bancos, que aqui garantem um negócio milionário, cujo risco está coberto por garantias estatais.

A grande velocidade, já hoje se encaminha o país para o abismo. Vem aí o TGV, o empurrão que faltava para o descalabro total.

2008-12-24

Autor:
Paulo Morais, 42 anos, professor universitário de Matemática e Estatística e estudioso dos sistemas eleitorais, foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, entre 2002 e 2005, e responsável pela área do Urbanismo.

In: http://w3.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=1062870

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

From: brotas@fisica.ist.utl.pt



À atenção do Clube de Reflexão MARGEM ESQUERDA do PS


4 de Janeiro 2009

Caro Camarada António Gomes Marques,



Envio-lhe em anexo cópia do parecer que, no ambito da consulta pública sobre a avaliação ambiental do troço à saida de Lisboa da linha de Alta Velocidade para o Norte, que terminava em 12 de Dezembro, enviei no dia 11 em carta registada ao Director Geral da Agência Portuguesa do Ambiente.

Penso que reconhecerá duas coisas:

1ª- A extraordinária importância deste assunto para o futuro dos transportes na àrea Metropolitana de Lisboa.

2ª - A aparente nula atenção dada pelas altas esferas da Administração a este assunto e consequente desinteresse da Comunicação Social.

A questão deste troço à saida de Lisboa da linha da linha para o Norte, é só um dos vários assuntos sobre os quais a população portuguesa está pessimamente informada.

Em particular, está mal informada a população da região de Lisboa em que estão previstas Obras Públicas muitíssimo importantes, e está mal informada a própria Administração

Trata-se , de uma situação de excepção a que é preciso por fim.

Para por fim a uma situação há que perceber como é que ela se desenvolveu.

A meu ver, numa larguíssima medida, ela é devida ao modo como tem actuado a CCRLVT presidida pelo nosso Camarada Fonseca Ferreira elemento proeminente da Margem Esquerda.

A CCRLVT devia ter sido, nestes últimos anos, o grande organismo de procura das melhores soluções para os transportes na região de Lisboa e não o tem sido (Defendeu, por exemplo, até ao final o Aeroporto da Ota e, no O PROTAML por ela elaborado, creio que em 2004, há uma proposta de travessia ferroviária do Tejo manifestamente errada)..

Vamos ter eleições autarquicas em que os problemas de transportes serão inevitavelmente abordados.

Proponho, assim, à Margem Esquerda que, como Clube de Reflexão, aceite debater estes assuntos, começando por debater, em conjunto com as eventuais contrapropostas da CCRLVT, o parecer que junto envio sobre o problema da saida de Lisboa dos comboios para o Norte que, não sendo um problema único, é um problema absolutamente central.

Este debate poderá contribuir para que a Comunicação Social se interesse mais por este assunto

Espero uma resposta da Margem Esquerda.

Com as melhores saudações socialistas

António Brotas

sábado, 3 de janeiro de 2009

From:brotas@fisica.ist.utl.pt


Sent: Thursday, December 18, 2008 2:46 PM
Subject: Sessão da ADFER a 18 de Dezembro, hoje às 18 e 15

18 de Dezembro

Caro Arménio Matias,

Hoje tenho de escolher entre ir à SGL ao encontro promovido pela ADFER sobre a futura estação central de Lisboa ou ao encontro promovido à mesma hora pelo António Costa para apresentar o seu programa para Lisboa.

Ao ler agora o convite da ADFER não posso, no entanto, deixar de lhe enviar desde já os seguintes comentários:

1- Houve, de facto, muitas pessoas que defenderam a estação central em Chelas/Olaias, mas nunca houve unanimidade sobre o assunto. A mim sempre me pareceu um erro e esta escolha é totalmente incompativel com a solução que me parece a melhor e incompativelmente mais barata a da travessia ser feita perto de Alverca.

2- Choca-me que não tenha sido convidado para orador deste encontro o Engenheiro Luis Cabral da Silva que é certamente a pessoa que tem o estudo mais elaborado da utilização da Gare do Oriente que com custos diminutos pode servir como estacão central ( e terminal) no caso da travessia ser feitra perto de Alverca.

3- De todas as soluções para a travessia ferroviária do Tejo a que me parece mais disparatada e a por liminarmente de lado é a proposta no PROTAML elaborado pela CROTLVT presidida pelo Eng. António Fonseca Ferreira. Nesta proposta os comboios vindos de Badajoz, por altura de Vendas Novas, infletiriam para Noroeste para ir atravessar o Tejo perto da Azambuja para irem à Ota donde viriam para Lisboa por um trajecto particularmente acidentado. Uma vez que o Eng. Fonseca Ferreira é um dos oradores do encontro de hoje conviria que ele precisasse melhor este trajecto que consta, penso não estar em êrro, no PROTAML elaborado sob sua responsabilidade.

4- Considero que só com os rendimentos da Arábia Saudita e com a Engenharia portuguesa a descer ao nivel Zero seria possivel aceitar a proposta da RAVE para o trajecto à saida de Lisboa da futura linha de bitola europeia para o Norte. Espero que a Ordem dos Engenheiros se venha a interessar por este assunto.
Vou tentar incluir neste email um parecer que enviei em carta registada e dentro do prazo ao Director Geral da Agência portuguesa do Ambiente sobre o primeiro troço do trajecto proposto pela RAVE.

5- Em qualquer caso, acho muito importante que a ADFER continue a promover este tipo de encontros, que contribuem para o esclarecimento destes assuntos, e para evitar que, sem a opinião pública se dar conta, se tomem decisões precipitadas e altíssimamente prejudiciais para o país.

Nada nos obriga a tomar decisões apressadas.Obras como a da travessia ferroviária do Tejo TTT e a da linha para o Norte precisam de dois ou três anos para serem estudadas sériamente. É isso que ainda não foi feito e é necessário fazer. Temos, entretanto, outras obras que podem ser feitas, sem comprometer o futuro do país, com custos acessíveis e com benefícios quase imediatos. É num calendário para estas obras que devemos procurar chegar a um acordo. Talvez seja mais facil do que parece.

Talvez nos encontremos daqui a duas horas . Até breve.


António Brotas