domingo, 15 de fevereiro de 2009

Passivos (Parte II)

Estado obrigado a injectar capital no universo Refer


Rede ferroviária. CP pagou mais pela passagem dos comboios nas linhas

Prejuízos da gestora da rede ferroviária ascendem a 162 milhões

A situação financeira da Refer, gestora da infra-estrutura ferroviária nacional, agravou-se em 2007. A empresa encerrou o exercício com prejuízos de 162,8 milhões de euros e com um total de capital próprio negativo de 973,7 milhões.

O desequilíbrio financeiro é mesmo destacado pela sociedade de revisores oficiais de contas que alerta para o facto das empresas participadas da Refer - Invesfer (comercialização), Fernave (formação), Metro do Mondego e Gare Intermodal de Lisboa (gare do Oriente) - se encontrarem em situação de "perda de metade do seu capital social". Devem ser tomadas medidas "necessárias para rectificar esta situação", advertem os auditores e que assumem mesmo que a solução "passa por aumentos dos respectivos capitais sociais".

O parecer da comissão de fiscalização das contas é demolidor para a administração da Refer, presidida por Luís Pardal, quando refere como factos relevantes do exercício: a persistência de riscos inerentes à ocorrência de trabalhos a mais, o consequente aumento dos custos de investimento e o agravamento do endividamento global em 355 milhões de euros (o qual ascendia no final de 2007 a 4,8 mil milhões).Não obstante a má performance financeira, a Refer facturou à CP 54,8 milhões de euros pela passagem dos comboios da empresa nas linhas ferroviárias, contra os 49,3 milhões cobrados em 2006.

Se no caso da CP se verificou um aumento do valor cobrado, já a Fertagus, operador ferroviário do grupo Barraqueiro, explora a travessia da ponte 25 de Abril, pagou menos pela utilização da infra--estrutura, passando de 3,147 milhões em 2006 para 3,102 milhões de euros o ano passado. No global, a Refer cobrou às duas operadoras ferroviárias 57,1 milhões de euros. Em 2007, circularam por dia em média na rede ferroviária nacional cerca de 2100 comboios, um acréscimo de 3,8% face ao ano anterior. A grande maioria dos comboios, cerca de 80%, é de serviços de passageiros.

O volume de investimentos, em 2007, atingiu os 336 milhões de euros. Esta verba veio de contribuições dos fundos comunitários (70,6 milhões de euros), do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) cerca de cinco milhões e outras fontes contribuíram com 249,9 milhões.

A Refer indica que dos 554,9 milhões de investimento previsto, foram aplicados 335,5 milhões de euros (apenas 60%).

LEONOR MATIAS

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