“Imagine que se pretende ir (de Lisboa) para Castelo Branco. Podemos apanhar um comboio que seja misto que faz uma parte na linha de alta velocidade e depois entra na linha da Beira Baixa e vai-se até Castelo Branco ou até à Covilhã”
Para confirmar estas declarações, a meio do debate, ver vídeo incluso ao minuto 43.
Ana Vitorino, quando fala num comboio misto, pretende referir-se aos comboios de duplo eixo que têm a capacidade de circular nas vias de bitola europeia e bitola ibérica.
Para que o itinerário referido fosse exequível, era necessário que a nova via Lisboa-Porto passasse perto do Entroncamento, para aí mudar a bitola utilizando, de seguida, a via da Beira Baixa até Castelo Branco e Covilhã.
Para que o itinerário referido fosse exequível, era necessário que a nova via Lisboa-Porto passasse perto do Entroncamento, para aí mudar a bitola utilizando, de seguida, a via da Beira Baixa até Castelo Branco e Covilhã.
No traçado que está publicado, no site da RAVE, tal opção não seria possível, pois o itinerário da nova linha Lisboa-Porto tem início na Gare do Oriente e vai em direcção a Alenquer, seguindo depois a Oeste da Serra dos Candeeiros, até perto de Leiria, em direcção ao Porto. Como a nova via diverge da Linha do Norte, logo depois de Lisboa, a opção para utilizar comboios de duplo-eixo não teria qualquer ganho nem viabilidade, uma vez que a maioria do percurso utilizado continuaria a ser em via convencional.
A única explicação para as declarações prestadas pela Secretária de Estado dos Transportes é que, provavelmente, poderá estar a ser estudado e projectado um traçado diferente para a futura via de bitola europeia Lisboa-Porto, o que permitiria a utilização de comboios de duplo eixo desde Lisboa até Castelo Branco. Convém recordar que a Linha da Beira Baixa se inicia no Entroncamento.
INTERCIDADES VAI ACABAR NA LINHA DO NORTE
No mesmo programa, foi anunciado que os serviços do Intercidades e Alfa Pendular vão desaparecer na Linha do Norte. Significa que as cidades de Santarém, Entroncamento, Caxarias, Pombal, Ovar, Espinho e Gaia vão deixar de ter o serviço do Intercidades. Este vai ser um grave problema para as populações afectadas, que vai ser muito difícil de entender.
Outra questão que fica por explicar é: como é que a via de Alta Velocidade, que, segundo a RAVE, só irá ter, no máximo, 2 comboios por hora e por sentido, vai aliviar a Linha do Norte, onde o número de comboios é muito superior. Significa que a percentagem de comboios desviados pela linha de AV será residual.
A principal razão para construir a nova Linha Lisboa-Porto reside no facto de Portugal precisar de uma via de bitola europeia para mercadorias e passageiros que permita a livre circulação de contentores do nosso território para a U.E. que a actual rede de bitola ibérica não permite.
Infelizmente, a RAVE projectou a nova linha Lisboa-Porto exclusivamente para passageiros, porque as pendentes não são inferiores a 18 metros por mil, como é necessário nas linhas mistas de mercadorias e passageiros.
Esta opção tornará impossível ligar, no futuro, os comboios de mercadorias de bitola europeia aos portos de Leixões e Setúbal, à Região de Lisboa e Centro, a Medina del Campo (Valladolid), que é o ponto estratégico que permite o acesso directo à U.E.
Rui Rodrigues - Público: 16-2-2009 http://www.maquinistas.org/pdfs_ruirodrigues/tracadolisboaporto.pdf
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